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sábado, 3 de setembro de 2011

PRESSÃO À BEIRA DO CAMPO É INIMIGA DOS TREINADORES!!!

Pressão à beira do campo é inimiga dos treinadores
- Após incidente com Ricardo Gomes, técnicos falam do estresse no cargo. Estudo mostra aumento da pressão arterial nos jogos

AVC de Ricardo Gomes trouxe à tona discussão sobre saúde de técnicos (Foto: Cléber Mendes)

Com os olhos marejados, abalado com o episódio de Ricardo Gomes, o técnico Abel Braga lançou um alerta sobre o nível de estresse vivido dos técnicos de futebol no Brasil:

– Pode ser que agora haja respeito maior com aqueles malucos que estão dirigindo uma equipe. É uma pressão terrível. Todos nós estamos sujeitos a isso (a passar mal) – declarou o treinador do Fluminense na segunda-feira.

O desabafo de Abelão reflete o sentimento da maioria dos técnicos. Ontem, ele voltou a falar no assunto. Admitiu tomar remédios e disse estar reavaliando com a família o momento de parar. Não é possível afirmar que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido por Gomes tenha ligação exclusivamente com a tensão à beira do gramado. Mas é consenso de que há uma carga desproporcional de cobrança sobre quem escala o time.

– Passei por todos os tipos de time, com menor ou maior fama. E a pressão é muito parecida em todas as instâncias. O técnico é refém de resultados, que nem sempre dependem dele – diz Zagallo, no alto dos seus 80 anos de idade, com mais de 30 deles como técnico.

Uma pesquisa de mestrado da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB) estudou "o comportamento do estresse em técnicos de futebol". O resultado é preocupante. Mostrou que 80% dos 16 profissionais analisados tiveram aumento brusco da pressão arterial no comparativo de antes e após a partida. O pressão arterial alta é um dos motivos que levam ao AVC.

– Um dos técnicos estava com pressão 13/9 no começo do jogo e no fim passou para 23/16. Falei que ele precisava buscar um médico urgentemente senão queria morrer no banco de reservas – conta Roberto Peres Patú, preparador físico e fisiologista autor do estudo.

O levantamento também revelou o aumento dos batimentos cardíacos dos pesquisados durante os jogos.

COM A PALAVRA: Roberto Peres Patú
, preparador físico e fisiologista que estudou o estresse nos técnicos

"Técnicos que parecem calmos também sofrem"
Os técnicos brasileiros
deveriam se preocupar mais com a saúde. O que vemos não é isto. Muitos deles são ex-jogadores que abandonam bruscamente as atividades físicas e passam a ter uma alimentação desregrada, quase sempre uma vida sedentária. Essa transição geralmente não é planejada. Isso, aliado ao nível de estresse da
carreira, é um perigo para a saúde.

No Brasil, nos últimos anos, criou-se uma cultura de supervalorização do trabalho do treinador. Isso, notadamente, expõe eles a uma carga de estresse enorme. Vivem diariamente sob pressão. São reféns dos resultados. Nunca sabem quantos dias ficarão no mesmo trabalho. Não sabem se resistem no cargo no próximo jogo.

É errado pensar que os treinadores que aparentam calma sofrem menos com ansiedade e estresse. Muitas vezes é o contrário. O estudo mostrou que até mesmo os técnicos não ficam brigando na beira do campo costumam ter grandes variações de batimentos cardíacos e pressão arterial.

SITUAÇÕES QUE CAUSAM ESTRESSE NOS TÉCNICOS, CONFORME ESTUDO

Currículo

Inexperiência traz tensão aos técnicos em partidas decisivas. Mais rodagem costuma garantir maior tranquilidade no banco.

Frustração
Estudos mostram que o medo de decepcionar as pessoas à sua volta é um fator que atormenta os técnicos de futebol.

Contratos
O trabalho de hoje está diretamente ligado ao contrato de amanhã. Por isso, os futuros contratos são preocupações.

Objetivos
Técnicos reclamam que os objetivos dos times costumam ser irreais, ou seja, incompatíveis com a qualidade da equipe.

Vitórias
Para técnicos não há outra opção no futebol: é vencer ou vencer. A necessidade de estar sempre no topo é motivo de tensão.

Cobrança
A pressão externa resulta em autocobrança dos técnicos. Eles admitem que muitas vezes exageram nas próprias cobranças.

História não adianta
O currículo de um técnico ajuda, sim. Mas ele precisa provar todos os dias que é bom. Não há passado que resista às derrotas.

Preparo físico
Apesar de não entrar em campo, técnico precisa de um preparo físico mínimo para aguentar a rotina de trabalhos e viagens.

Pouco repouso
Diferentemente dos jogadores, técnicos não costumam ter as mesmas horas de sono em
meio à rotina de viagens e concentrações.

Mesmos erros
A repetição dos mesmos erros pelos jogadores deixa treinadores irados. Isto é apontado como um dos motivos de tensão.

Rotatividade cruel
A falta de estabilidade profissional é outro fator que pode contribuir para o estresse nos treinadores. A alta rotatividade é, há anos, uma marca do futebol nacional. A prova está nos números: na Série A do Brasileirão de 2010, por exemplo, foram 34 trocas de técnico em 38 rodadas.

– Você sabe que não é o culpado, mas é assim que a regra manda no Brasil – afirma Emerson Leão, hoje desempregado, sobre a responsabilidade atribuída aos treinadores na campanha dos clubes.

No ano passado, em média, nove técnicos caíam a cada dez rodadas do Brasileirão. Nesta temporada, o ritmo é mais lento. Até aqui, foram 15 mudanças de treinadores em 20 rodadas. O número de trocas, no entanto, vem aumentando nas últimas semanas.

Demitido ontem do Cruzeiro, Joel Santana foi mais um a perder o emprego de maneira injusta, no seu ponto de vista:

– Minha ficha não caiu. Eu realmente estou surpreso com a decisão. Mas futebol brasileiro ainda tem esse tipo de situação.

"Injustiças"
fora de campo
Entre os treinadores, há quem pense que a verdadeira pressão não está à beira do gramado, mas nos bastidores da bola. Para Emerson Leão, conhecido por seu temperamento explosivo, os problemas extracampo são os que mais colocam em risco a saúde dos técnicos:

– O que acontece de mais desagradável não é no momento da partida. É no momento de solidão do técnico. É quando ele sabe que faz de tudo para recompensar com vitórias, com o desejo de conquistas, e infelizmente não alcança. E aí vêm as injustiças que ele sofre.

Sem clube desde o ano passado,
quando deixou o Goiás, Leão faz duras críticas à forma como os treinadores são tratados no país. Ressalta a falta de apoio dentro dos clubes e o descaso no pagamento de rescisões contratuais.

– Isso dá uma melancolia, uma tristeza. Em certos casos, depressão. Isso é sério, age no seu organismo – conta o técnico.

O tratamento considerado injusto por Leão já o levou a pensar por diversas vezes em largar a profissão. Dois episódios foram marcantes para o treinador. Em 1997, quando comandava o Atlético-MG, foi agredido com uma barra de ferro na cabeça durante batalha campal na Argentina. Nove anos depois, foi alvo de emboscada de torcedores do Santos, durante visita ao clube para negociar dívida.

Ainda na ativa, Leão está mais criterioso na análise de propostas. Há dois anos, teve de ser submetido a um cateterismo após uma exames de rotina. Foi recomendado a "pegar mais leve" na profissão. Empregos como "bombeiro", em clubes à beira da degola, por exemplo, estão descartados:

– Com 62 anos, esse tipo de emprego eu não quero mais para mim.

Psicologia nos estudos

O principal curso de formação de técnicos de futebol do Brasil criou disciplinas específicas para preparar os profissionais a suportarem a pressão extracampo. Os matriculados do curso de aperfeiçoamento organizado pela CBF em parceria com a PUC Minas – realizado na Granja Comary – têm aulas de psicologia no esporte e de psicologia comportamental. A intenção é orientar os futuros treinadores para situações de estresse vivenciadas dentro dos times.

– Nossa preocupação é mostrar que o trabalho de treinador é muito mais do que conhecer táticas. A psicologia tornou-se fundamental em qualquer profissão. E no trabalho de técnico cada vez tem um papel maior – observa Osvaldo Rocha Torres, o coordenador do curso.

Durante as aulas, são avaliados casos em que o resultado das partidas teve ligação direta com o preparo (ou despreparo) emocional do treinador. Profissionais são convidados a dar depoimentos sobre o estresse da profissão.

No futebol brasileiro, praticamente todos os grandes clubes mantêm profissionais da área ligados ao departamento de futebol.

Confira bate-bola exclusivo com o técnico do Atlético-PR, Antônio Lopes:

LANCENET!:
O que você pensa das situações de pressão a que os treinadores são submetidos com frequência?
ANTÔNIO LOPES: A profissão é estressante, como outras semelhantes. Mas é normal, é da própria função. É lógico que os treinadores são afetados por isso. Há sempre pressão em cima – da torcida, da imprensa, dos dirigentes... Sempre uma responsabilidade muito grande. Tem de estar sempre ganhando, conquistando títulos. Isso interfere no emocional.

LNET!: Você já passou por problemas de saúde em virtude dessas situações?
Já. Às vezes, ficamos noites sem dormir. Pensamos no jogo, no trabalho, no treinamento. É claro que afeta muito a saúde.

LNET!: O que é possível fazer para evitar problemas assim?
Vai ser difícil de contornar, porque é próprio da profissão. Não se pode fazer nada. Depende muito de cada um. Uma vez, quando era técnico do Kuwait, fui assistir a um jogo de uma seleção que estava sendo dirigida por um brasileiro. O time dele levou de 5 a 0. Fiquei preocupado e esperei para ir ao vestiário passar uma palavra de conforto. Sabe o que ele me falou? "Ah, professor, não estou nem aí. Futebol é meio de vida, não é meio de morte".

Daniel Leal e Mauro Graeff Jr.
Publicada em 03/09/2011
Rio de Janeiro (RJ)

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