Retrospectiva 2011: O ano a ser esquecido pelos times cearensesO ano de 2011 definitivamente não foi bom para os times cearenses. Ceará, Fortaleza e Icasa, cujas tragetórias serão explicadas nesta retrospectiva, terminaram o ano deixando um gosto de decepção nos torcedores por não terem conseguido seus objetivos no
Campeonato Brasileiro.
Além deles, Guarany de Sobral e Guarani de Juazeiro não fizeram mais do que
“morrer na praia”, como falam na linguagem popular. Ambos lutaram para se classificar para a segunda fase das
Séries "C e D", respectivamente, mas não conseguiram o desejado, estagnando na fase de grupos.
De glória, além da conquista do Estadual pelo Ceará, está o
Horizonte, que se sagrou
bicampeão da Copa Fares Lopes e irá disputar em
2012 a Copa do Brasil pela segunda vez.
Falando na competição nacional, o Galo do Tabuleiro não fez feio em 2011, chegado às oitavas de final, caindo para ninguém menos que
o Flamengo. No Rio de Janeiro, arrancou um empate de
1 a 1 atraiu olhares do Brasil inteiro para o jovem atacante
Silóe, que acabou sendo emprestado para o
Internacional-RS.
Ceará foi campeão Estadual por "arrastão"
O Ceará Sporting Club teve um ótimo primeiro semestre ao se sagrar Campeão Estadual por “arrastão”, vencendo os dois turnos e afundando o sonho do rival
Fortaleza de ser pentacampeão.
O elenco foi reforçado com jogadores considerados caros e eficientes para o padrão cearense (
Iarley, Fernando Henrique, Júnior, Osvaldo…). O “soldado” Dimas Filgueiras, considerado um dos principais responsáveis pelo não rebaixamento do alvinegro na
Série "A" do Brasileirão de 2010, seguiu no comando do clube até parte do primeiro turno, sendo depois substituído por
Vágner Mancini.
No primeiro turno, a final foi decidida justamente contra o Leão. Por ironia do destino, o autor do gol da vitória por
1 a 0 foi Osvaldo, revelado nas categorias de base do Tricolor do Pici. Na ocasião, saiu do banco de reservas para garantir o título.
No segundo turno, o adversário foi o Guarani de Juazeiro, que fez uma ótima campanha sob o comando de
Júlio Araújo, conquistando uma vaga na Série "D" do Brasileiro. Mas, não foi páreo para o alvinegro na decisão: um amplo
5 a 0 para o Vovô. Foram 21 vitórias em 26 jogos, 83,3% de aproveitamento.
Tudo parecia que o ano seria de glórias para o alvinegro de Porangabuçu já que, além do título, time fazia uma boa campanha na
Copa do Brasil, chegando até às semifinais. De quebra, time contava com os gols de
Marcelo Nicácio, segundo maior artilheiro do Brasil, atrás apenas de
Leandro Damião (do Internacional).
Mas eis que o Ceará não conseguiu passar pelo Coritiba na competição nacional, os gols de
Nicácio diminuíram consideravelmente em números após uma polêmica envolvendo a renovação do seu contrato, e a campanha na
Série "A" do Brasileirão não foi nada de
“flores” como se imaginava.
No Campeonato Brasileiro, time lidou com inúmeras problemas: incostância nas escalações (nenhuma formação foi repetida uma vez sequer), contratações que não renderam o esperado (
Roger, Enrico, Edmilson…), resultados ruins em casa e queda de rendimento de jogadores considerados
“intocáveis”, como Michel e Fabrício. Algumas “
estrelas”, como Iarley e Júnior, acabaram negociados em busca de mais oportunidades.
Após os resultados irregulares de Vágner Mancini, a diretoria optou por
“tentar corrigir uma injustiça cometida no ano anterior” e trouxe de volta o técnico
Estevam Soares, que esteve à frente do Vovô em seis partidas em
2010 e não havia conseguido nenhuma vitória.
Em 2011, a campanha não foi muito melhor: teve apenas uma vitória, dois empates e cinco derrotas.
Vovô foi derrotado para o Bahia na última rodada, culminando para a Série "B" do Brasileirão
Pela 40ª vez na História do Ceará Sporting Club, Dimas Filgueiras assumiu o comando técnico da equipe. Apesar de tentar motivar o grupo, o
“soldado alvinegro” não conseguiu evitar que o pior acontecesse. O alvinegro foi para a última rodada necessitando de uma vitória sobre o
Bahia e torcendo para que o
Atlético-MG vencesse o
Cruzeiro. Nenhum dos dois aconteceu: time baiano venceu por
2 a 1 e a Raposa goleou o rival por
6 a 1.
Resultado final foi a queda para a Série B, terminando na 18ª posição, acumulando nada menos que
19 derrotas, o equivalente a um turno inteiro.
No geral, quem se sobressaiu foi o atacante Osvaldo. O baixinho, que passou a maior parte do início da temporada como reserva, assumiu a titularidade, encantou os cartolas dos maiores clubes brasileiros ao desconsertar defesas dos adversários com habilidade e velocidade.
Fortaleza: fracasso e polêmicas na Série C
Depois do fraco desempenho no Estadual, retornar à
Série "B" do Brasileirão tinha virado uma questão de honra para o Fortaleza. Depois do pedido de afastamento do então presidente
Paulo Arthur, o vice
Osmar Baquit assumiu e resolveu fazer uma
“limpa” no elenco, dispensando quase a equipe inteira e contratando um
“pacotão” de reforços.
À medida que os nomes foram sendo anunciados, a expectativa de torcedores era positiva, embalada com a premissa de um
“elenco de nível de Série "B" na Série "C"”. Nomes como o goleiro
Lopes, o volante
Magal, o meia
Esley, e os atacantes
Vavá e Wellington Amorim eram vistos com bons olhos. Além deles, o experiente
Carlinhos Bala veio com a fama da salvador da pátria e status de novo ídolo.
Mas o que se viu em campo foi um time perdido, que colecionou resultados negativos. Polêmica foi uma palavra que acompanhou o time durante toda a competição. Só de treinador, nada menos que
quatro passaram pelo Leão: Ferdinando Teixeira, Arthur Bernardes, Márcio Rocha (interino) e Júlio Araújo. Os três primeiros pediram para sair. Sem contar com
Ademir Fonseca, que chegou a ser apresentado, realizou treino com direito a rojões, mas foi embora sem sequer estrear, aceitando uma proposta do
Goiás, na Série "B".Gesto de Carlinhos Bala virou polêmica
Carlinhos Bala até que caiu nas graças dos torcedores perante sua visível empolgação com o clube. Mas dos reforços que chegaram para a competição, grande parte foi tendo o contrato rescindido. Os poucos jogadores que se destacaram foram pela
“fidelidade”, como o volante
Rogério, revelado nas categorias de base do clube.
Em clima conturbado, o Leão não só viu o sonho de subir para a segunda divisão ir para os ares, como teve que brigar até a última rodada da fase de grupo
para não cair para a Série "D". Time necessitava, ou vencer o
CRB-AL por um resultado simples e torcer por um triunfo do
Guarany de Sobral diante do
Campinense, ou apenas vencer por um placar elástico. O time sobralense não fez sua parte, foi derrotado, mas o Fortaleza aplicou uma goleada de
4 a 0 e se livrou da temida queda. O problema é que a partida não acabou dentro de campo.
Possíveis conversas entre jogadores de Fortaleza e CRB foram analisadas pelo STJD
Muitas acusações foram feitas de que houve uma possível “combinação de resultado” entre os jogadores, induzinho que o time do
CRB permitiu que o Leão garantisse a sua goleada. Vários fatos foram usados como provas para fortalecer a suspeita, como a
“troca de uniforme” dos jogadores do Fortaleza no intervalo para possivelmente atrasar a partida e poderem
“monitorar” o resultado de
Guarany x Campinense. Vídeos em que supostamente os atletas do time cearense prometem dinheiro ao adversário, e outro em que
Carlinhos Bala parece acenar que
“só falta um gol” para conseguir o objetivo, circularam na imprensa.
O caso foi julgado no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) mas, no fim das contas, o Tricolor do Pici foi absolvido das acusações. Na votação dos auditores, muitas críticas ao comportamento de atletas de ambos os times, porém, foi de entendimento geral que não havia provas suficientes de que o resultado final foi fruto de uma combinação.
Icasa: brigas dentro e fora de campo
Com uma campanha apenas regular no Estadual, o Icasa foi para a o
Campeonato Brasileiro com a consciência de que brigaria para permanecer na segunda divisão. Com um dos menores orçamentos da Série "B", a diretoria apostou em um elenco modesto, repatriando o goleiro
Marcelo Pitol e trazendo reforços locais, como o meia
Diego Palhinha (ex-Horizonte) e o atacante
Preto (emprestado pelo Ceará).
O jovem técnico Dado Cavalcani, de apenas 29 anos, foi o escolhido para comandar o time de Juazeiro do Norte, porém, logo foi substituído por
Márcio Bittencourt após o início ruim de Campeonato.
Como esperado, a equipe sempre ficou por perto da zona de rebaixamento, alternando bons e maus resultados. O fraco desempenho no estádio Romeirão foi decisivo para não almejar um lugar melhor na tabela. Alguns poucos destaques, como os volantes
Marino e Dodó, foram negociados com o
Atlético-GO, da primeira divisão.
Após longa negociação, a diretoria conseguiu repatriar um ídolo da História recente do clube:
Júnior Xuxa. O meia voltou com belas atuações, com direito a show na vitória de
5 a 3 sobre o Goiás. Coincidência ou não, foi quando o time apresentou considerável melhora, chegando a figurar pelo meio da tabela durante algum tempo.
Técnico Arnaldo Lira e meia Júnior Xuxa trocaram várias provocações públicas
Mas as crises internas começavam a aflingir o clima do time do Cariri. Com rendimento voltando a cair,
Márcio Bittencourt optou por sair. No seu lugar, veio
Arnaldo Lira, com o respaldo de ter conquistado o
Campeonato Baiano pelo Bahia de Feira de Santana. Sob o comando do novo treinador, a incostância nos resultados continuou e as polêmicas só aumentaram.
Lira e Júnior Xuxa criaram uma espécie de rixa interna. Primeiro, o técnico optou por colocá-lo no banco de reservas e, depois, afastá-lo do grupo. O meia deixou o clube e os dois trocaram várias ofensas públicas,
envolvendo até consumo de álcool nas concentrações. Faltando apenas uma rodada para o fim da
Série "B", o Verdão do Cariri precisava a todo custo de uma vitória sobre a
Poruguesa, então já declarada campeão.
Eis que uma reviravolta aconteceu: Lira deixou o comando do clube e Júnior Xuxa foi reintegrado. Teria a diretoria optado por ficar com o atleta e mandado embora o técnico,
ou Lira realmente pediu para sair alegando insatisfação, como foi divulgado?
Mistério. Mas fato do conhecimento de todos é que o
Icasa foi derrotado por 2 a 0 para a Lusa, no Romeirão, e terminou a competição
rebaixado para a terceira divisão, ocupando a 17ª posição da tabela, com 47 pontos.
Por Thiago Sampaio