NOVO TIME DE CONGA NA CHINA - GUANGZHOU EVERGRANDE!!!
Novo time de Conca, Guangzhou quer se transformar no "Chelsea asiático"- Bancado por empresa de construção, clube chinês superou amadorismo, se reergueu após esquema de manipulação e chegou a sonhar com Ronaldo
Conca com o jovem presidente do Guangzhou Evergrande (Foto)
O Guangzhou Evergrande, da China, confirmou neste sábado a contratação do meia Conca, do Fluminense, em uma negociação que surpreendeu o futebol brasileiro. A transferência de US$ 10 milhões (R$ 15,5 milhões) é apenas mais um passo rumo ao sonho dos donos do clube chinês, que pretendem criar uma versão oriental do Chelsea, equipe inglesa controlada pelo bilionário russo Roman Abramovich e que já gastou fortunas investindo em jogadores renomados. Há dinheiro para isso, ambição e planejamento. Até mesmo um amistoso com o Real Madrid já está marcado para 3 de agosto, quando o time planeja entrar definitivamente para o cenário mundial.
Em 2010, o empresário Anselmo Paiva chegou a Guangzhou desconfiado por saber que um de seus clientes, o atacante Muriqui (ex-Vasco, Atlético-MG e Avaí), estava prestes a se transferir para uma equipe da Segunda Divisão do futebol chinês. A desconfiança ganhou ares tragicômicos no encontro com o jovem presidente do Guangzhou Evergrande. Liu Yongzhuo, de 31 anos, recebeu o agente brasileiro com a seguinte afirmação:
- Em cinco anos eu pretendo transformar o Guangzhou no Chelsea asiático.
Na hora, Anselmo achou graça. Hoje, cerca de um ano depois daquele encontro, o time lidera a Primeira Divisão da China com 28 pontos (cinco a mais que o segundo colocado em 12 rodadas) e seduziu Conca com uma oferta de R$ 60 milhões em um período de 30 meses, o que deve deixar o argentino com o terceiro maior salário do futebol mundial.
- Na verdade, eles não esperavam subir imediatamente, mas quando viram que o sucesso foi imediato, aí mesmo que resolveram gastar - explicou o empresário.
O meia argentino encontrará um clube com dinheiro, que quis contratar Ronaldo e que vai enfrentar o poderoso Real Madrid em agosto. Ainda há uma torcida fiel, uma cidade que cresce a cada suspiro capitalista em território chinês e patrões que sonham em revolucionar o futebol. Um negócio da China.
O CLUBE
O Guangzhou Evergrande nunca conquistou um título de Primeira Divisão. Fundado em 1954, passou a maior parte de sua história na obscuridade, convivendo com rebaixamentos no amadorismo do futebol chinês. Já teve sete nomes e foi o primeiro clube a se profissionalizar, em 1993.
Muriqui: sucesso de vendas (Foto: Divulgação)
O momento mais dramático aconteceu em 2010. O time teve que jogar a Segundona como punição por ter pagado 200 mil yuans chineses (R$ 48,7 mil) para garantir uma vitória no campeonato de 2006 - o "investimento" não funcionou, já que a campanha daquele ano culminou com uma modesta nona posição.
Em fevereiro de 2010, o grupo Evergrande, conglomerado de investimentos no setor de construção civil, tomou posse do clube. Foram contratados alguns dos principais jogadores da seleção local, entre eles o meia Sun Xiang, o primeiro chinês a disputar uma partida de Liga dos Campeões da Europa na história (pelo PSV). O brasileiro Muriqui foi a cereja do bolo. Marcou 13 gols em 14 partidas e liderou a equipe de volta à elite.
O estádio Tianhe, casa do Guangzhou, foi remodelado para os Jogos Asiáticos de 2010 e está longe de ser um elefante branco. Com capacidade para 60 mil pessoas, costuma receber uma média de 40 a 50 mil torcedores por partida, competindo com o Urawa Reds, do Japão, como a instituição esportiva que mais atrai público na Ásia.
Para 2011, houve investimento em mais brasileiros: o meia Renato Cajá, ex-Botafogo, o atacante Cléo, ex-Partizan, da Sérvia, e o zagueiro Paulão, ex-Grêmio. O resultado é a liderança isolada da Liga Chinesa.
A estrutura ainda não segue o padrão das contratações. O clube não possui um bom centro de treinamento e o estilo de trabalho ainda lembra o período de amadorismo, apesar de o treinador, o sul-coreano Lee Jang-Soo, ter comandado as principais equipes da Coreia.
- O salário é alto, e recebo antes mesmo do dia do pagamento. Meu apartamento fica em um ótimo lugar, tenho um tradutor para português e ajuda para adaptação de minha esposa e filha. Mesmo sem centro de treinamento e sendo um pouco desorganizados, eles estão caminhando - disse Cajá ao GLOBOESPORTE.COM recentemente.
OS PATRÕES
O Evergrande Real State Group tem como chefe o magnata Xu Jiayin, que está entre os 200 homens mais ricos do mundo, de acordo com a revista "Forbes".
- Quando ele aparece no estádio é uma coisa impressionante. Todos o reverenciam - destacou Anselmo Paiva.
Jiayin não interfere nos "assuntos futebolísticos". Para tomar conta dos negócios esportivos, o empresário escalou o membro mais jovem de sua diretoria. Liu Yongzhuo é um dos vice-presidentes do Grupo Evergrande e presidente do Guangzhou Evergrande e da equipe de vôlei da cidade.
A ambição é a característica mais forte de Yongzhuo. Uma de suas primeira ideias para o time era contratar um atacante apelidado de Fenômeno, que se aposentou recentemente.
- Ele chegou a me perguntar o quanto eu achava que ele iria gastar para trazer o Ronaldo. Não acreditei, mas hoje ele está provando que não estava brincando - lembrou Anselmo Paiva.
- O investimento que o clube está fazendo é algo inédito no futebol chinês. É uma revolução na forma como os clubes chineses tratam o futebol. Para nós brasileiros que estamos aqui isso é muito bom. Valoriza o nosso trabalho e nos dá visibilidade - completou Muriqui, que tem até máscaras e camisas personalizadas à venda no site oficial para os torcedores.
A CIDADE
Guangzhou é desconhecida mundialmente, mas é a terceira maior cidade da China. A vida na região é agitada, o que facilitará a adaptação de Conca.
- Parece São Paulo. Cidade grande, não tem muitas opções turísticas, mas tem muitos restaurantes. Há uma churrascaria brasileira lá e os chineses gostam mais que os brasileiros - brincou Paiva.
Por Fábio Lima
Rio de Janeiro
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