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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

MAIS "ZÉ CARIOCA"

* ZÉ CARIOCA: Uma aventura EDITORIAL no Brasil

- A trajetória do SIMPÁTICO E MALANDRO PAPAGUAIO da Disney no mercado brasileiro de quadrinhos foi cheia de percalços que poucos leitores conhecem

- Mundialmente famoso após protagonizar os filmes Alô, amigos! (Saludos amigos, no original), de 1943, e Você já foi à Bahia? (The Three Caballeros), de 1945, que mesclavam desenhos com atores de carne e osso, Zé Carioca foi criado no início da década de 1940, quando Walt Disney fez uma grande turnê pela América Latina, tomando parte de uma campanha promovida pelos Estados Unidos a fim de angariar apoio na II Guerra Mundial.

O cineasta (acompanhado de desenhistas de seu estúdio) concebeu personagens para os países visitados, como o Gauchinho Voador, para a Argentina e Panchito, para o México. Nosso adorável papagaio, batizado de Joe Carioca, foi o representante do Brasil.

Um personagem brasileiro criado por Walt Disney. Esse conceito agradava a Editora Abril. E sua primeira aparição numa HQ brasileira aconteceu em julho de 1950, na capa de Pato Donald # 1, desenhada pelo argentino Luis Destuet. Coincidentemente, a revista que marcou a estréia da Abril no mercado editorial.

Além disso, as histórias do papagaio vinham sendo regularmente publicadas na revistado pato - Zé Carioca, Rei do Carnaval foi a primeira, em fevereiro de 1951. Dois anos depois, Jorge Kato tornou-se o primeiro brasileiro a desenhar o personagem, ilustrando uma capa de Pato Donald.Em suma, aquela figura de terno e gravata, chapéu de palha e guarda-chuva, com jeitão de malandro inofensivo, já gozava há muito tempo da simpatia do público brasileiro. Reza a lenda que ele foi inspirado em um passista da Portela, numa apresentação que a escola de samba fez para Disney; entretanto, foi um brasileiro, o ilustrador J. Carlos, que participou da escolha e da criação junto ao grupo de desenhistas, fazendo o esboço de um papagaio fumando charuto, protótipo do Zé Carioca finalizado pela equipe americana.

Assim, em 1961, Zé Carioca ganhava título próprio e chegava às bancas do Brasil estampando na capa o número... 479! "A numeração da revista do Zé Carioca se alternava com a do Pato Donald. Numa semana era o Donald e na outra, o Zé, e a numeração era subseqüente", afirma Primaggio Mantovi, ex-coordenador da Redação Disney da Editora Abril.

Após um certo tempo, as revistas passaram a ter numeração própria, cada uma partindo de onde estava. Entretanto, muitos colecionadores ainda hoje procuram algo que jamais existiu: o número 1 da revista Zé Carioca.

Mas a verdade é que, quando Zé Carioca estreou sua HQ no Brasil, não havia histórias suficientes para sustentar o título em banca. O personagem fora publicado nos Estados Unidos por pouco tempo, em tiras e tablóides dominicais, e a continuidade da publicação no Brasil ficaria ameaçada cedo ou tarde.

A Editora Abril não tinha intenção de cancelar a revista. Então, em meados dos anos 1960, quando não havia mais material para ser publicado, a saída encontrada foi algo grotesco: adaptar histórias do Mickey e do Pato Donald.

Dessa forma, os desenhistas da Abril substituíam os dois personagens pelo Zé Carioca, o que explica as inusitadas "parcerias" entre ele e Pateta em aventuras detetivescas, nas quais originalmente atuava o Mickey.

Também foi assim que surgiram Zico e Zeca (sobrinhos do Zé), que substituíam Huguinho, Zezinho e Luizinho. Notadamente, sobrava um espaço nos quadrinhos em que deveria estar o "terceiro" sobrinho.

Isso acabou fragmentando o Zé Carioca em várias personalidades, pois ele se comportava sempre de um modo diferente de seu conceito original, à mercê das situações às quais se adaptava em histórias que não eram suas.

Essa, digamos, aberração editorial permaneceu assim por um certo tempo, até que as histórias passaram a ser totalmente feitas no Brasil.


REFORMULAÇÃO
"Quando entrei na equipe - justamente para produzir o material que faltava -, começamos a desenvolver desenhistas e roteiristas para dar cobertura à revista do Zé Carioca. Acho que, quando não se sabe que caminho tomar, o melhor é voltar às origens. Se Disney fez assim, é porque era bom. Vestimos o Zé com a roupa original (mais tarde ele foi modificado de novo), e ele voltou a ser um malandro... politicamente incorreto", conta Primaggio. "Daí, devido à possibilidade de exportar suas histórias, tiramos ele do morro e lhe demos uma casa do BNH (nota do UHQ: Banco Nacional de Habitação, que financia a compra de casas próprias)". Foi então que ele passou a morar na fictícia Vila Xurupita, localizada no subúrbio do Rio de Janeiro.

Os personagens coadjuvantes criados nos Estados Unidos, Rosinha e seu pai, o milionário Rocha Vaz (que estrearam no Brasil na revista Pato Donald # 440), passaram a ter participação mais efetiva. Outros surgiram e tornaram-se grandes parceiros do papagaio malandro (como Pedrão e Afonsinho) ou inimigos (Zé Galo, cuja estréia se deu no ano de 1982, em Zé Carioca # 1635).

Nasceu também a Anacozeca (Associação Nacional dos Cobradores do Zé Carioca), uma grande "sacada" do roteirista Paulo Paiva, que estreou em 1976, com desenhos de Renato Canini (premiado em 2002 como Grande Mestre da HQ Nacional, pelo Troféu HQ Mix; e que teve as clássicas tiras do seu personagem Tibica publicadas aqui no UHQ em 2001).

As histórias ficaram, então, bem "abrasileiradas". Cada vez mais eram usados temas de nosso País. O Cristo Redentor, o Pão-de-Açúcar, as paisagens do Rio de Janeiro eram recorrentes nas aventuras. Até mesmo um time de futebol (querem algo mais brasileiro que isso?) foi criado, o Vila Xurupita Futebol Clube, cuja sala de troféus não tem nada além de teias de aranha.

O resultado dessa mudança foi que a revista passou a vender mais que a do Pato Donald, até então a menina dos olhos da linha Disney na Editora Abril.

Até os anos 90, novos personagens não pararam de surgir, enriquecendo ainda mais esse vasto universo de malandragens, calotes e vagabundagens: os primos Zé Paulista, Zé Baiano, Zé Pampeiro, Zé Queijinho e Zé Jandaia; Átila, o cachorro de Rosinha; Paladino Mascarado (alter-ego de Zeca), Morcego Verde (identidade secreta tão heróica quanto divertida do Zé Carioca) e outros de menor ou maior aceitação no coração dos leitores.

Nessa fase do personagem, mereceram destaque os quadrinhistas Ivan Saidenberg e Renato Canini, que "moldaram" o caráter malandro do Zé Carioca e criou diversos elementos e personagens de suas aventuras, como sua moradia no morro, o time de futebol, o Morcego Verde, a Vila Xurupita, Zé Paulista, Zé Baiano, Zé Pampeiro, Zé Queijinho, Zé Jandaia, Pedrão, Afonsinho, Zé Galo e outros.

ANOS 90
Uma nova onda revisionista atingiu a revista na década de 90. E, apesar do que se poderia imaginar, agradou bastante aos leitores. A Anacozeca não mais existia, fora há anos dissolvida quando Zé Carioca descobriu que seu pretenso sogro, Rocha Vaz, era o criador e financiador da entidade.

O visual dos personagens se adaptou aos novos tempos: roupas coloridas e esportivas, que nunca se repetiam (até que encontraram o modelo que se tornou oficial). Ninguém andava mais descalço e passaram a usar tênis da moda... Nada disso, porém, interferiu na qualidade da revista, que chegou a publicar apenas histórias do papagaio, teve o número de páginas aumentado e, por uns breves meses, até melhorou o papel e a impressão.

PREGUIÇOSO. DORMINHOCO. FOLGADO. TRAMBIQUEIRO. APROVEITADOR. MALANDRO. CALOTEIRO.
ZÉ CARIOCA permaneceu o mesmo, mas as suas histórias ganharam um estilo mais dinâmico e envolvente, cujos maestros foram os roteiristas Genival de Souza, Gerson Teixeira e Arthur Faria Júnior; e os desenhistas Rogério Soud, Luiz Podavin, Aluir Amâncio, Gustavo Machado e Paulo Borges, só para citar alguns nomes.
O impagável Morcego Verde também foi reformulado, agora com um visual mais sombrio, feito um Batman de penas. Mas ainda assim continuava o mesmo trapalhão, e tentando convencer a si próprio de que ninguém conhecia sua identidade secreta. Outra hilária inovação foi o "efeito" da capa esvoaçando ao sabor do vento, gerado pelo ventilador que o inseparável amigo Nestor carregava acompanhando o pretenso herói. Pouco depois, esse detalhe foi abolido das aventuras.

A primeira graphic novel

Apesar de suas diversas edições especiais, almanaques e minisséries durante os mais de 40 anos de vida editorial no Brasil, Zé Carioca jamais havia ganhado uma graphic novel, ao contrário de outros dos principais personagens Disney.

Entretanto, em abril de 2000, a espera teve um fim: chegou às bancas uma luxuosa edição em formato magazine, com 84 páginas, intitulada Zé Carioca - Especial Brasil 500 anos. Uma aventura inédita, dividida em sete capítulos intercalados por textos didáticos sobre o Descobrimento.

Na história, Zé Carioca conta as diabruras de seu "tatatatataravô", José Manuel dos Calotes, clandestino na esquadra de Cabral, que teria sido o verdadeiro descobridor do Brasil e, pasme, o introdutor do futebol em terras tupiniquins! Impossível não considerar essa HQ um clássico dos quadrinhos nacionais.

Ainda em 2000, Zé Carioca reapareceu em escala mundial numa história de Don Rosa - autor da Saga do Tio Patinhas -, intitulada O retorno dos três cavaleiros, que trouxe de volta o trio completado por Donald e Panchito. A aventura foi publicada no Brasil em Zé Carioca # 2182.

Entretanto, numa aventura produzida em 1982 na revista mensal do personagem, os três já haviam se reunido novamente para fazer uma viagem à Espanha e assistir à Copa do Mundo... torcendo pelo Brasil!

Passando por um "recesso", o estúdio de quadrinhos da Editora Abril está com a produção parada. Na Holanda, onde o Zé também faz muito sucesso, continuam publicando regularmente suas histórias. Não deixa de ser curioso o interesse que o personagem desperta naquele país, considerando que isso não acontece em nenhum outro lugar do mundo - além do Brasil, é claro.

Atualmente, o título quinzenal do Zé Carioca traz apenas republicações. Com a revista já no número 2239 (setembro de 2003), ainda existem muitas histórias a serem reapresentadas. Mas, o que uma imensa legião de fãs deseja, mesmo, é a volta do "terror dos cobradores" em aventuras inéditas. Há boatos de que isso possa acontecer no próximo ano. Vale a pena torcer por isso!

Marcus Ramone é um fã inveterado de Zé Carioca, mas garante que seus credores não precisam se preocupar com isso! Será?

1 comentários:

Marcus Ramone disse...

Favor registrar os créditos dessa matéria, escrita por mim (Marcus Ramone) e publicada originalmente no site Universo HQ (http://www.universohq.com/quadrinhos/2003/ze_carioca.cfm)

23 de fevereiro de 2013 às 08:49

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