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quinta-feira, 7 de abril de 2011

FALCÃO O MELHOR DO MUNDO!!!

Aos 33 anos e mais maduro, Falcão garante: "Eu estou cada vez melhor"
- Craque vive a expectativa de marcar seu gol de número 300 pela Seleção neste fim de semana. Ele terá duas chances nos confrontos contra o Uruguai

Astro das quadras, Falcão (Foto) comemora um gol pela Seleção Brasileira de futsal

Melhor jogador de futsal do mundo, o ala Falcão vive um momento especial na carreira. Aos 33 anos,
o craque está a apenas um gol do de número 300 pela Seleção Brasileira e é o principal nome da equipe do Santos, que lidera a Liga Futsal 2011 com folga.

Neste fim de semana, o jogador será a maior atração do Brasil nos dois jogos do Desafio Internacional contra o Uruguai, em São Carlos (SP). O SporTV transmite a primeira partida neste sábado, às 15h, e a TV Globo exibe a segunda no domingo, dentro do Esporte Espetacular.

Antes de enfrentar os rivais sul-americanos, o astro conversou por telefone com o GLOBOESPORTE.COM e destacou o seu amadurecimento. Ele relembrou a carreira, falou sobre a habilidade com a bola, elogiou os "Meninos da Vila" e disse que tem deixado os dribles de lado para se tornar um jogador ainda mais eficiente em quadra.

- Eu estou cada vez melhor. Procuro dizer que estou menos brilhante e mais certeiro. Antes, os dribles aconteciam em maior número. Hoje, driblo menos, apareço um pouco menos para a torcida, mas sou mais eficiente - contou.

Confira a entrevista completa com o astro:

GLOBOESPORTE.COM: Qual é a sua expectativa para seu primeiro jogo com a Seleção este ano?
- Falcão:
Em primeiro lugar, a saudade que estou sentindo em jogar com a camisa da Seleção Brasileira. Além disso, será minha primeira partida pelo Brasil como jogador do Santos. É um momento especial que estou vivendo no Peixe e tentando buscar o meu gol de número 300 com a amarelinha.

Ansioso por alcançar esta marca de 300 gols pelo Brasil?
- Eu sempre digo que números não se discutem. Sou o maior artilheiro da Seleção de futsal, e ter a chance de alcançar esta marca vai ser muito importante. Teremos dois jogos contra o Uruguai, e espero deixar minha marca no esporte. Tem tudo para ser um fim de semana muito especial.

Como você viu a derrota do Brasil para a Espanha na decisão do último Grand Prix de Futsal? Vocês estão pensando em dar o troco no Mundial de 2012?
- Aprende-se muito mais com a derrota do que com a vitória. No torneio, nosso time teve desfalques, e alguns jogadores estavam com problemas. Sem falar que alguns jogadores tiveram falhas individuais naquela partida. Foi um dia atípico. Não que a Espanha não possa nos vencer, mas não jogamos bem mesmo. Estávamos sem perder há vários jogos, e talvez essa derrota tenha vindo no momento certo. Para ser campeão do mundo novamente, teremos que passar por eles, e existe uma igualdade muito grande. São jogos com placares apertados, e será sempre um clássico de muita rivalidade.

Qual a sua opinião sobre o atual momento da Seleção Brasileira, com algumas caras novas?
- É um processo normal após a conquista de um título mundial como o de 2008. O Sorato (técnico da Seleção) sabe quais são os atletas em que ele pode confiar, e nisso estão incluídos os mais antigos, como eu, Lenísio e outros. Os novos precisam pedir passagem. Ainda é um ano de afirmação para Murilo, Gadeia e Pixote, por exemplo. Torço para que eles façam pelo Brasil o que estão fazendo em seus clubes. Espero que eles tenham sucesso, pois o Brasil depende muito dessa renovação.

O que mudou do Falcão de antes para o de agora, aos 33 anos?
- Eu estou cada vez melhor. Procuro dizer que estou menos brilhante e mais certeiro. Antes, os dribles aconteciam em maior número. Hoje, eu driblo menos e apareço um pouco menos para a torcida, mas acabo sendo mais eficiente. Pela idade e números, com gols e títulos importantes que tenho, o tempo mostra que estou melhorando. O atleta tem um prazo de validade, mas me sinto animado, por enquanto. Sinto que posso defender o Brasil pelo menos até o ano que vem e fechar minha história na Seleção com mais um título mundial.

Qual é seu o momento mais marcante com a camisa verde-amarela?
- A minha primeira decisão pela Seleção Brasileira em Cingapura. Nosso time sofreu várias expulsões na semifinal, e fomos com apenas sete atletas para a final. Mesmo assim, marquei três gols na Itália. E em 2008, a geração que ganhou o Mundial no Brasil foi especial demais, tanto pela repercussão quanto pelo trabalho de todos os envolvidos naquela conquista histórica.

Falcão e Paulo Henrique Ganso (Foto) posam juntos no treino do Santos

Como está a sua vida em Santos? Já se adaptou ao clube e a cidade?

- Melhor, impossível. Estou feliz demais com o projeto do clube e a aceitação do público, que vem lotando a nossa arena a cada partida. Vemos nas cadeiras os atletas do Santos, como Neymar, Ganso e Elano, o presidente também, e está sendo um casamento perfeito. Se vamos ganhar, ninguém sabe, mas estou contente. Fiquei oito anos atuando no sul do país, mas sou de São Paulo e estou perto de casa e da família. Eu renasci como atleta, e isso me fez melhorar.

O Peixe está liderando a Liga Futsal. É o favorito ao título deste ano?
- Nós somos um dos favoritos ao título, sim. Nossa equipe foi feita para vencer, mas Corinthians, Carlos Barbosa e Marechel Rondon são fortes e também vão dar trabalho. Estamos entre os cinco ou seis favoritos para ficar com o título. Porém, ainda é cedo para falar nisso.

O Santos tem cinco jogadores convocados para esse desafio com o Uruguai (Falcão, Valdin, Pixote, Neto e Jé). Como você observa isso?
- Reflexo do que fazemos dentro de quadra. Não perdemos nenhum jogo no ano, e a responsabilidade aumenta. São cinco convocados, e esperamos que da próxima vez tenha mais atletas ainda. Parabéns aos jogadores, e que briguem pelas vagas na Seleção, pois não será fácil se manter no grupo.

Como é ser reverenciado por jogadores como Neymar e Ganso? Você viu o Neymar boquiaberto?
- O Ganso e o Neymar são as referências do Brasil hoje no futebol. O projeto do Santos nos dá proximidade com esses atletas, e isso é um atrativo a mais. Nos encontramos no CT do clube, vamos nos jogos, e eles também nos acompanham. Poder ver a reação deles é um prazer enorme. Isso valoriza muito a nossa atuação e o futsal.

Diante do Neymar, você fez dois golaços em chutes da sua quadra. Você treina esse tipo de lance ou é instintivo?
- O Ferreti (técnico do Peixe) sempre procura treinar essa jogada comigo. Eu tenho facilidade nesse tipo de lance e números nos treinos que comprovam isso. Tenho 90% de acerto nesse tipo de bola. Com o time rival atuando com gol-linha, tenho facilidade de colocar a bola por cima e fazer o gol. Já tinha feitos alguns gols dessa forma antes, mas deu repercussão por causa do Neymar, que estava lá na arena e viu de pertinho.

E a experiência de atuar nos gramados, gostaria de jogar com essa garotada do Peixe? Ou quem sabe trazê-los para um jogo na quadra?
- Estive domingo no jogo contra o Palmeiras, que o Santos perdeu, e a torcida me pediu para entrar em campo. Mas um jogo festivo com os craques da quadra e do gramado seria o máximo. Estou no Santos para jogar futsal e não futebol de campo e fico feliz com isso.

Cresci jogando na várzea desde cedo e me acostumei com isso. Se tiver que dar uma lambreta no adversário eu vou dar. "FalcãoComo é ser considerado o "rei do drible" no futsal?
- É um compromisso para mim. A torcida nunca sabe se você está machucado ou se está normal. Eu faço quatro gols, mas não dou lençol, caneta, e a torcida me cobra. Tem vezes que não jogo nada, mas dou dribles, e a torcida diz que joguei muito. Aprendi a driblar e ser eficente e transformei isso em títulos. Eu passei por cima dessa coisa de só driblar. Quem vai ao ginásio quer ver lances bonitos. Uso a finta como artifício do meu jogo.

E a famosa lambreta. Quando foi a primeira vez que usou esse drible?
- Eu aprendi a me divertir com responsabilidade. Nunca me assustei com dedo na cara e ameaças. Cresci jogando na várzea desde cedo e me acostumei com isso. Se tiver que dar uma lambreta no adversário, eu vou dar. Virou marca registrada depois do jogo contra Portugal, em 2003, e às vezes, eu marco dessa forma. Eu me divirto em quadra. Eu faço quando estamos perdendo, ganhando ou empatando, é o meu estilo de jogo.

Seu filho Enzo, de oito anos, treina nas categorias de base do Santos. Sonha vê-lo como jogador? Não teme que ele seja muito cobrado?
- O pai é uma coisa, e o atleta é outra. Fico triste quando ele não é escalado, mas tento não me meter. Ele é bom de bola, mas é muito menino e tem que saber lidar com o futuro. Espero que ele se divirta, mas quem saberá do futuro é ele. Primeiro, os estudos, e depois, o futebol. Comecei com 14 e sei que ele não pode ser cobrado. Meu desejo maior é que ele jogue no campo, e estou aqui para apoiar.

Mande uma mensagem para a torcida que acompanha o futsal do Brasil:
- Fico feliz pelo carinho que recebo todos os dias nas ruas. É uma responsabilidade grande no esporte, e isso é dado pelo carinho que recebo. O gol 300, se vier, será dividido com todos os brasileiros. Eu jogo para o público e procuro fazer quem está em casa ou nas quadras mais feliz.

Por Igor Christ
Rio de Janeiro

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