AS LIÇÕES DE SABEDORIA!!!

AS LIÇÕES DE SABEDORIA!!!

Coluna: Alan Neto - Jornal O POVO (18/09/2010)

As lições de sabedoria
- RESCALDO da bombástica contratação de Nicácio, ainda fumegante, poeira da rasteira aplicada cujos efeitos ainda não passaram, zanza no ar perguntinha interessante e que, para a torcida do Ceará, não quer calar.

VAMOS a ela. Nicácio vai ou não estrear amanhã contra o Goiás? Palavra facultada ao técnico Dimas Filgueiras que, a exemplo de tantos, faz o jogo do tradicional esconde-esconde. Explicando. Não sabe se o lança no começo ou o deixará no banco para um momento oportuno.

DEPOIS de todo o ribombar feito, não é possível que a torcida fique frustrada. Vá ao Castelão para ver o time enfrentar um Goiás abusado na desesperada busca de sair da maldita zona de rebaixamento, ficar, roendo as unhas, esperando a hora e a vez de Dimas resolver lançar Nicácio. Ou só o fará depois de ouvir em coro o nome do jogador e o seu ser chamado de burro?

DIMAS Filgueiras é da velha escola de Moésio Gomes, o melhor dos nossos treinadores, pela sabedoria, por conhecer futebol dentro e fora das quatro linhas, por enxergar anos-luz. Uma das suas lições preciosas, vale recorrê-la. Filgueiras se for o caso deve copiar e usar.

JOGADOR iria estrear em jogo tal, podia ser clássico ou não. Se fosse para uma posição que estava precisando para resolver problema da equipe, podia ter treinado só uma semana, dois dias. Não vinha ao caso. Perguntava ao departamento médico se estava inteiro clinicamente. Fisicamente era outra história.

POIS bem. Chamava o jogador antes do jogo, perguntava que tempo seu gás daria. De posse da resposta ordenava - vá lá, mostre que tem futebol pois esta torcida veio aqui para lhe ver. O estreante se matava em campo, aguentava todo o tempo, saía esbaforido. Missão cumprida.

JOÃO Saldanha outro sábio do futebol repetia sempre que o cobra se escala. Se o time era só de cobras, jogava as camisas para o alto, cada qual pegasse a sua e fosse para o campo. Lá dentro eles se entendiam. Gozador por excelência, Saldanha dizia ser um mero entregador de camisas. Folclore à parte, há um fundo de verdade.

VOLTANDO a realidade de hoje. Estreia ou não de Nicácio, cabe ao veterano e sábio Dimas Filgueiras, colher frutos das lições de Moésio e de Saldanha. Poderão alegar que ele está sem ritmo ou então fora de forma. E daí? Onde é que o Nicácio sabe jogar, não é enfiado entre os zagueiros como atacante referência? É só lhe entregar a camisa, perguntar quanto tempo tem de gás e manda entrar de saída. Fim de papo. O resto ele sabe.

TAMBÉM se for o caso, outra pitada de sabedoria. de outro grande técnico, César Morais, o famoso Guri, introdutor do 4-3-3- no futebol cearense. O que dizia? Camisa 9 tem que jogar enfiado entre os zagueiros. Se assim o fizer prenderá os dois lá atrás. Se ficar rondando a área, a bola durante uma partida passa por ali umas vinte vezes pedindo um pé e uma cabeça. Ele vai deixar sua marca numa dessas bobeadas da zaga. Bingo!

ADVERSÁRIO é o Goiás, dirigido por Jorginho, auxiliar técnico de Dunga na seleção brasileira. Com ele o time goiano progrediu muito pouco no Brasileirão, ainda tateando nas trevas. Resta a Jorginho provar que tem competência para o cargo e que do seu ex-chefe Dunga não herdou nada. O que também acho muito difícil.

A ÚNICA E ÚLTIMA BALA
- SE VALER O BORDÃO tão usado do “jogo da vida”, o de manhã em que o Fortaleza enfrentará em Marabá, contra o Águia, cabe-lhe perfeitamente. O Tricolor só tem uma única e última bala para acertar no coração do Águia. Traduzindo. Só tem a vitória para continuar na competição, caso contrário voltará com de mãos abanando. Único culpado de toda essa situação vexatória é o próprio Fortaleza, por ter perdido tantos pontos preciosos no Castelão contra adversários fraquíssimos. Não vale mais a pena ficar remoendo o que passou se a realidade de amanhã é outra. Cabe-lhe cumprir a missão de vencer. Passando por cima de todas as adversidades e percalços. Entre elas, o próprio Águia.

Alan Neto
18/09/2010