FIM DA ERA?

FIM DA ERA?

Teixeira busca gestores para Comitê Organizador da Copa

Informação surge quando aumentam os rumores da saída de Ricardo Teixeira, envolto em denúncias, da CBF

Envolto em acusações de corrupção, Teixeira busca mais "escudos" (Foto: Wagner Meier)

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL) procuram dois gestores tocadores de obras e projetos. A ideia é a de que os executivos atuem fora da área política e mais na organização do Mundial e na interface entre as duas entidades.

A informação surge no momento em que os rumores de que Ricardo Teixeira deixará a presidência da CBF ficam mais fortes, conforme publicou nesta segunda-feira a jornalista Mônica Bergamo em sua coluna no jornal "Folha de S. Paulo".

A possível entrada de dois gestores executivos para trabalharem no COL e CBF engrossa o time de "escudos" formado por Ricardo Teixeira, acuado diante de acusações de corrupção. Em 25 de novembro, o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez assumiu o cargo de diretor de Seleções da CBF. Em 1º de dezembro, Ronaldo assumiu como membro do COL.

Teixeira seria um dos nomes que apareceriam na lista de dirigentes que recebiam dinheiro da empresa de marketing esportivo ISL nos anos 90. Semana passada, a Justiça suíça liberou a divulgação dos envolvidos no escândalo. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, declarou que em janeiro voltaria a tratar do assunto. Além de Teixeira, seu ex-sogro João Havelange também estaria envolvido.

Coincidentemente, Havelange pediu afastamento do Comitê Olímpico Internacional em dezembro.

Caso Teixeira de fato se afaste da CBF, o cargo terá de ser ocupado por um dos vices: Fábio Marcelo Nogueira (Sul), Fernando José Macieira Sarney (Norte), José Maria Marin (Sudeste), Marco Antonio Ferreira (Nordeste) ou Weber Magalhães (Centro Oeste). De acordo com o estatuto da entidade, Teixeira tem o poder de escolher o seu substituto.

A possibilidade de afastamento definitivo tem agitado os bastidores da política esportiva. José Maria Marin, que interinamente substitiu Teixeira, de férias, tem mantido contato com clubes, presidentes de federações e emissoras de TV. O deputado federal Paulo Maluf tenta uma aproximação com o cartola visando possíveis mudanças no comando do futebol.

Marin foi vice de Maluf quando este governou São Paulo (79 a 82) e depois assumiu o governo quando Maluf se licenciou para disputar vaga de deputado federal. Marin governou São Paulo por dez meses, depois os dois apoiaram Janio Quadros (1985), mas a partir daí se distanciaram.

Além de Maluf tentar reaproximação com Marin, ele e os senadores Fernando Collor e José Sarney vêm se movimentando em Brasília para atuarem como interlocutores e intermediários em assuntos relacionados à Copa do Mundo.

RICARDO TEIXEIRA SOB PRESSÃO

DENÚNCIA
Presidente do comitê da candidatura inglesa à Copa de 2018, Lorde Triesman disse que Teixeira condicionou seu voto: "Venha e me diga o que você tem", teria dito Teixeira ao inglês.

PROPINA
O programa "Panorama", do canal inglês "BBC", acusou Teixeira de ter sido forçado a devolver à empresa de marketing ISL, US$ 9,5 milhões oriundos de propina. A evolução encerraria investigação criminal na Suíça. Joseph Blatter, presidente da Fifa, prometeu tornar públicos os documentos que comprovam o suborno. João Havelange, outro suposto beneficiário, pediu licença do Comitê Olímpico Internacional (COI).

LUCROS
Reportagem publicada pelo LANCE! revelou que o contrato social da Copa de 2014 previa que todos os lucros do Mundial poderiam ficar com Teixeira. O contrato foi reformado. No entanto, o destino dos lucros segue indefinido.

ACUADO
A TV Globo exibiu reportagem que envolve Teixeira a um fato policial, o caso do amistoso Brasil x Portugal, que custou R$ 9 milhões aos cofres públicos.

HOLOFOTES
Cada vez mais contestado, Ricardo Teixeira teve de dividir poderes e tirar de si todas as atenções. Andrés Sanchez, então presidente do Corinthians, foi convidado a assumir o cargo de diretor de Seleções da CBF. Para trazer um rosto de credibilidade ao Mundial de 2014, o cartola nomeou o ex-atacante Ronaldo como membro do Conselho de Administração do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL).

João Carlos Assumpção
Publicada em 03/01/2012 às 08:50
São Paulo (SP)