USAIN BOLT VOLTA A VENCER NOS 200M E CONSOLIDA REINALDO: "Agora sou a lenda"!!!
Bolt volta a vencer nos 200m e consolida reinado: 'Agora sou a lenda'- Bicampeão olímpico nos 100m, Fenômeno ganha 2º ouro na prova em que também é campeão do mundo. Jamaica domina pódio, com Blake e Weir
Bolt na chegada dos 200m nos Jogos de Londres (Foto: Adrian Dennis/AFP)
Há quatro anos, antes de dar um beijo de boa sorte, Jennifer Bolt fez um pedido ao pé do ouvido do filho. Queria que Usain entrasse naquela pista do Ninho do Pássaro, em Pequim, e batesse o recorde de Michael Johnson nos 200m rasos. A resposta foi rápida: "Você acha que é assim tão fácil, mãe?". Não era, ela sabia. A marca estava em poder do americano desde Atlanta 1996, mas ela precisava dar uma provocada no seu menino. E ele entendeu a mensagem não como um pedido, mas como uma ordem. Foi lá, correu e riscou Johnson do livro dos recordes por dois centésimos. Nos Jogos de Londres, não foi nem preciso desafiá-lo. Bolt tinha pressa para se tornar uma lenda. Só se consideraria assim depois que conquistasse o bicampeonato olímpico em sua prova preferida. Precisou de 19s32 para isso. Nesta quinta-feira, se tornou o primeiro homem da história a vencer a prova duas vezes. Fez mais. É o único a conseguir dois títulos seguidos nos 100m e nos 200m.
- Foi o que vim fazer aqui. Fiz o que queria. Agora eu sou uma lenda. Estou na mesma categoria de Michael Johnson. E me sinto horando por isso porque cresci vendo-o quebrar recordes mundiais. Ele é um grande atleta. Eu não tenho nada a provar. Mostrei ao mundo que sou o melhor e, agora, só quero me divertir - disse.
E fez tudo parecer realmente uma grande brincadeira. Bolt pisou na pista com boné virado para trás, falando com os adversários como quem combina uma corridinha até ali o outro lado. Poucos segundos após a largada lá estava ele, na frente. Deu aquela olhadinha para o lado esquerdo só para se assegurar de que Yohan Blake tinha mesmo ficado para trás. Cruzou a linha de chegada com o dedo na boca, como se pedisse silêncio, e passou a fazer flexões logo depois. Levou o Estádio Olímpico ao êxtase. Parecia ter ficado mais cansado durante a interminável volta olímpica ao lado de Blake (19s44) e Warren Weir (19s84), seus compatriotas que completaram o pódio.
- Os 200m foram mais difíceis do que eu esperava. Eu sabia que seria possível quebrar o recorde mundial, mas não estava rápido o suficiente quando saí da curva. Eu senti a tensão nas costas um pouco. Mas não vou esquecer este momento depois de uma temporada difícil para mim.
Aos 25 anos, o homem mais rápido do mundo ainda não encontrou rivais capazes de freá-lo. O corpo sim, vez ou outra consegue, graças a um problema crônico nas costas. Bolt se defende como pode, procurando sempre por colchões ortopédicos, como fez durante a aclimatação para os Jogos. Poucos meses antes da disputa, houve quem acreditasse que ele não iria bem exatamente por isso. Os adversários repetiam que seria possível batê-lo. Ainda mais depois que Blake o venceu nas seletivas jamaicanas. Estavam errados.
Bolt ficou fora da última competição, se recuperou e fez o que se esperava dele. Nada de dar chance para adversário. Cortesia, ele só costuma dar para as crianças que o desafiam em qualquer lugar que vá. É abordado praticamente todos os dias por anônimos, artistas e até por príncipes. Gente que quer correr contra ele em qualquer lugar, até mesmo no meio da rua. Ele não se importa, acha graça.
Usain Bolt "cala" críticos ao se tornar o primeiro bicampeão olímpico nos 200 m rasos (Foto: AP)
Lembra direitinho até hoje a frase dita por seu técnico, Glen Mills, há tempos atrás. "Todo mundo tem talento, mas o que você faz como ele é o que conta." Bolt usa a seu favor e do atletismo também. Suas vitórias ajudaram a atrair cada vez mais os olhares do público para o esporte, ajudaram a melhorar as condições do lugar onde morava na Jamaica. Mesmo tendo saído de Sherwood Content, ele fez questão de manter na casa nova em Kingston tudo aquilo que lembrasse sua infância. As árvores e o jardim o transportam no tempo. Costuma dizer que quando se senta embaixo de uma delas se sente feliz. Naquela época, se sentia da mesma forma jogando basquete, críquete, futebol ou correndo. Desde que pudesse ser debaixo de sol, estava bom.
Bolt é assim. Gosta de luz. Atrai todas elas com o talento, a simpatia e o grande carisma. Costuma fazer piada para tudo. Ri ao dizer que é batido facilmente por qualquer um que o desafie na cozinha. Admite que já teve medo de fantasmas e que não acha lá seus dedos tão bonitos. Perfeitos mesmo, para ele, são os braços e o abdômen. Perfeito mesmo, de verdade, ele é na pista. Naquele território, Usain Bolt não é o dono, é a lenda viva.
Confira a classificação final da prova:
1) Usain Bolt (JAMAICA): 19s32
2) Yohan Blake (JAMAICA): 19s44
3) Warren Weir (JAMAICA): 19s84
4) Wallace Spearmon (EUA): 19s90
5) Churandy Martina (HOL): 20s00
6) Christophe Lemaitre (FRA): 20s19
7) Alex Quiñonez (EQU): 20s57
8) Anaso Jobodwana (RSA): 20s69
Por Danielle Rocha
Direto de Londres
09/08/2012 16h59
Atualizado em 09/08/2012 18h57
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