VAIDADE E FALTA DE COMANDO DERRUBAM O CRUZEIRO!!!
Vaidades e falta de comando derrubaram o Cruzeiro- LANCE!NET revela bastidores sobre crise interna no clube instaurada desde o início do Campeonato Brasileiro
Cuca deixou o Cruzeiro em junho, quanto problemas já eram detectados (Foto: Ramon Bitencourt)
Falta de envolvimento, guerra de egos e diretoria ausente. Esse foi o diagnóstico do ambiente do Cruzeiro, ainda na quinta rodada do Campeonato Brasileiro, feito por um membro da comissão técnica de Cuca, que deixou o clube após o empate com o América-MG no dia 19 de junho.
Passaram-se mais 32 rodadas, os problemas não foram contornados e na 38ª, no próximo domingo, a Raposa definirá seu futuro na Série A contra o Atlético-MG.
A conversa desse integrante do staff do técnico, hoje no Galo, aconteceu nos últimos dias. A amigos próximos ele não se mostrou surpreso com o fato de o clube estar ameaçado de viver o seu primeiro rebaixamento em 90 anos de existência.
- O que matou o Cruzeiro foi uma briga de vaidades e a falta de comando da direção - disse.
Dentro do grupo, duas frentes foram criadas por causa de divergências entre Gilberto e Roger. Os meias nunca brigaram diretamente, mas estabeleceram uma guerra fria interna.
Ambos se julgavam titulares. As provocações aconteciam de maneira indireta. Gilberto dizia que era jogador de Seleção e que havia consolidado uma carreira na Europa e não no Mundo Árabe, referindo-se à última passagem de Roger antes de voltar para o Brasil.
A briga, posteriormente, acabou por envolver outros cruzeirenses que tomaram partido por um dos dois jogadores.
- Aí virou uma onda. Chegou ao ponto de alguns jogadores não passarem a bola um para o outro.
Fora das quatro linhas, a diretoria se mostra omissa e dependente das decisões do presidente Zezé Perrella. O mandatário, por sua vez, tornava-se cada vez mais uma figura ausente no clube.
- As coisas só aconteciam quando o Perrella estava no clube. Dimas (Fonseca, diretor de futebol) e Valdir (Barbosa, gerente de futebol) tinham medo de contrariar o presidente - contou.
Desde essa época, a Raposa procura no mercado um diretor executivo para o comando do futebol. Depois de garimpar alguns nomes, porém, ainda não encontrou um de agrado à cúpula.
Caso o novo dirigente chegue para assumir o futebol a partir de 2012, seja com o Cruzeiro garantido na elite do futebol brasileiro ou na Série B, ele encontrará dificuldades para lidar com o atual grupo e com a forma de trabalho na Raposa.
Uma das reclamações dos mais antigos é de que as relações no clube são muito geladas. O ambiente foi comparado a uma fábrica de japoneses: cada um chega e faz seu trabalho, sem se envolver com os demais. No pós derrotas, o dia seguinte é como qualquer outro.
Ausente, Zezé focou o Senado
Se a situação de abandono por parte da diretoria celeste já era visível no início do Brasileirão, o fato só piorou a partir de julho, mês em que Zezé Perrella tomou posse no como senador. A ausência do presidente coincidiu com o declínio do Cruzeiro na competição nacional.
Perrella delegou funções aos seus subordinados e colocou em evidência a figura de Gilvan de Pinho Tavares, que mais tarde seria eleito presidente do clube para o triênio 2012-14.
Uma vez senador, Zezé passou a focar ainda mais na vida política, o que já fazia desde 2008, quando foi reeleito à presidência do clube. O Cruzeiro, claramente, já não tinha mais as atenções do dirigente.
Nos últimos dias, com a iminência do rebaixamento celeste, o presidente voltou à tona, acompanhando a delegação celeste em viagens e participando de conversas na Toca.
Gustavo Perella, filho de Zezé e vice-presidente de futebol da Raposa, também nunca foi figura presente no dia a dia celeste em 2011. No ano passado, ele esboçou algumas aparições, como na contratação do meia Roger, creditada em seu nome.
Gustavo foi eleito deputado estadual nas eleições de 2010 e neste ano nunca foi visto nas atividades ligadas ao Cruzeiro.
Cruzeiro não comenta os fatos
Buscando ouvir o outro lado da história, a reportagem do LANCE!NET procurou a diretoria do Cruzeiro para que os dirigentes pudesse expôr a versão do clube sobre os acontecimentos relatados. Dimas Fonseca, diretor de futebol, não foi encontrado.
Quem falou em nome do clube foi o diretor de comunicação, Guilherme Mendes, que foi taxativo: o Cruzeiro não comentará o assunto por desconhecer a fonte.
Vale lembrar que os acontecimentos relatados pelo LANCE!NET vieram de uma fonte muito próxima à comissão técnica de Cuca, que dirigiu a Raposa até junho deste ano.
Daniel Hott
Eduardo Mendes
Publicada em 29/11/2011 às 07:11
Belo Horizonte (MG)
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