ÍDOLOS DE PAPEL!!!
*** FALA GRAZIANI *** FALA GRAZIANI ***Ídolos de papel no futebol ajudam a alimentar a hipocrisia.
Muito tempo atrás já tive a chance de escrever sobre o assunto deste post e volto ao tema agora, tomando como base mais um episódio envolvendo jogadores de futebol fora do ambiente de trabalho, como no caso dos atletas do Santos – Madson, Zé Eduardo e o goleiro Felipe - que discutiram e ofenderam torcedores no twitter no domingo passado (e pediram desculpas, é importante salientar).
Começo contando sobre mim: desde pequeno eu nunca tive ídolos no futebol, na música, no cinema ou na literatura. Gosto do trabalho de muita gente, mas sempre mantenho uma grande distãncia, por ter convicção de que todos são seres humanos, falíveis, com mais defeitos do que qualidades. Penso, inclusive, ser bastante perigosa qualquer idolataria e fico chocado com algumas manifestações de desespero, carência e endeusamento que vejo por aí.
No esporte, me permito admirar um homem em especial, alguém que eu jamais vou esquecer, e ele não jogou futebol e, sim, basquete: Michael Jordan. No meu escritório tenho um quadro dele, de braços abertos, para me lembrar que as vezes é possível fazer o impossível, nada mais do que isso.
Não acho, sinceramente, que ídolos no esporte tenham que ser exemplos para crianças ou adolescentes. Eventualmente eles podem até ser, mas não vejo como obrigação. O ideal é que o esportista seja o que ele é e pronto e que cada pessoa compreenda isso da melhor maneira possível. Charles Barkley, também um ex-jogador de basquete, era extremamente criticado por seu comportamento fora das quadras. Foi detido algumas vezes, brigava demais, falava palavrão o tempo todo e quando questionado, era claro: “Eu não tenho que ser exemplo para os filhos de ninguém. É na escola e em casa, com os pais e parentes, que as crianças precisam ter educação, não comigo, que apenas jogo basquete”. Concordo com ele.
No caso dos jogadores brasileiros de futebol a situação é ainda mais evidente. Tê-los como ídolos é um problema e tanto. Muitos são despreparados e, pior, depois que se tornam famosos, seguem mal orientados e passam a fazer uma bobagem atrás da outra, como qualquer um de nós. Quantos atletas de futebol têm realmente uma opinião relevante sobre algo? Por que muitos são arrogantes e se acham acima do bem e do mal?
As perguntas acima têm respostas fáceis, mas o principal questionamento é o seguinte: será que eles precisam ser exemplos para a sociedade hipócrita? Não, não precisam e muitos jamais conseguirão, porque os clubes de futebol não se preocupam de verdade em dar educação aos seus jogadores. Os empresários também não fazem acompanhamento digno – só pensam nos lucros – e eles mesmos não mostram interesse em evoluir.
E por qual motivo a imprensa – responsável também - tenta criar ídolos instantâneos o tempo todo e muitas vezes é igualmente mal preparada? Por que jornalistas e radialistas se acham no direito de julgar a ignorância alheia e o comportamento de quem quer que seja fora de campo, como se fossem grandes exemplos para alguém?
Fernando Graziani
Ídolos de Papel
03/08/2010
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