QUEM É MICHEL TEMER ???
Quem é Michel Temer?
Temer assumiu a presidência do Brasil, mas de onde ele veio?
Por
Felipe Germano
Atualizado em
12/05/2016
Michel Temer é o atual presidente do Brasil. Situação essa que deve
durar, pelo menos, até que o processo do impeachment seja finalizado com
uma votação no senado - o que pode ocorrer em até 180 dias. Apesar de
ser nosso novo presidente, e essa ser a primeira vez que Temer tem, de
fato, chance de se consolidar como chefe do Executivo brasileiro, o
poder está longe de ser uma novidade. Temer já assumiu os mais diversos
cargos na política brasileira - incluindo o de presidente, quando ele
substituiu não só Dilma, mas também Lula e Fernando Henrique Cardoso.
Temer é paulista, nasceu em Tietê (SP) no ano de 1940. Aos 16 se
mudou para São Paulo capital, onde terminou o Ensino Médio e, em 1959,
ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, parte da USP.
Foi justamente nessa época que ele começou a se meter com política -
nessa fase, em escala estudantil. Em 1963 chegou a ser indicado para
assumir a presidência do Diretório Central dos Estudantes, mas abriu mão
para não bater de frente com o então presidente da União Nacional dos
Estudantes (que tinha um posicionamento de esquerda - oposto ao seu):
José Serra - seu novo ministro das Relações Exteriores. Temer gosta de
política, não de embate. Pelo menos não direto. Em uma entrevista para a Revista Piauí, em 2010, Temer contou que isso lhe rendeu apoio do político na câmara, anos mais tarde.
LEIA: Só 5 presidentes eleitos completaram o mandato nos últimos 90 anos
Assim que se formou, começou a dar aulas de Direito na PUC. Virou
parceiro de Franco Montoro, um de seus colegas de trabalho. "Frutificai e
multiplicai-vos", a religião apareceu para unir. Os dois se aproximaram
e trabalharam juntos em teses sobre democracia cristã. Acabou que
Montoro se tornou governador do Estado de São Paulo - e Temer pegou
carona no sucesso do amigo. Ganhou um cargo dele: em 1982 (um ano após
se filiar ao PMDB), tornou-se procurador-geral do estado. Dois anos
depois, mudou de cargo, virou secretário de Segurança. Voltaria a
exercer a mesma função dez anos depois, logo depois do massacre do
Carandiru, a convite de Luiz Antônio Fleury Filho.
Depois que Montoro lhe deu um nome, as coisas já ficaram mais fáceis.
Em 1986 tentou uma vaga na Câmara dos deputados. Quase não rolou,
apesar de não conseguir os votos se elegeu como suplente, e participou
da Constituinte de 1988. Foi ganhando força dentro do partido. Em 1995
virou o líder do PMDB na câmara, e, dois anos depois virava o presidente
da Casa - contando com o apoio do então chefe do Executivo, Fernando
Henrique Cardoso.
Temer não passou desapercebido durante seu mandato. Triplicou a verba
de despesas dos parlamentares. Ganhou moral com seus colegas. Ficou
ainda mais influente dentro da casa. Começou a se desentender com FHC, e
criou um movimento que ficou conhecido como "Reage Câmara",
onde parlamentares clamavam por mais independência do Executivo.
Coincidência com os tempos atuais, ou não, foi nessa época, que Temer
virou presidente pela primeira vez: durante uma viagem do Presidente e
seu vice, o PMDBista assumiu o controle do país por quatro dias.Em 1999
voltou a assumir a presidência da Câmara, quando vetou o impeachment de
Fernando Henrique. Também assumiu o cargo em 2009 - dessa vez, com o
apoio de Lula, também chegando a assumir a presidência quando ele e seu
vice saíram do país.
Em 2010, virou vice-presidente de Dilma Rousseff, e os fatos já ficam
mais recentes na memória. Primeiro mandato mais quieto. Segundo, mais
porrada. Carta em Latim, áudio de 15 minutos no WhatsApp ensaiando
discurso de posse, foto sorrindo com o resultado da votação na Câmara
sobre o impeachment. Enfim, Presidente da República.
Em meio aos gritos de brasileiros contra a corrupção, Temer,
ironicamente, também tem a ficha suja. Em 2009, foi citado 21 vezes em
documentos da Operação Castelo de Areia - seu nome esteve associado a um
montante de 345 mil dólares. Só que não deu em nada, o Supremo Tribunal
de Justiça anulou a operação e ele nunca foi condenado por isso. Não
para por aí. Temer foi condenado no último dia 5 por doar mais do que a
lei permite para campanhas políticas. Ainda há espaço para recurso, mas,
atualmente, se enquadra na lei dos ficha-suja e não pode concorrer a
cargos públicos pelos próximos 8 anos. Há ainda processos no Tribunal
Superior Eleitoral, que clamam irregularidades nas doações para a
campanha de Dilma. Se comprovadas, a chapa é cassada, e aí nova
revirovolta: Temer perde o mandato. O atual presidente da república
também já teve o nome citado por delatores na Operação Lava Jato - não
só ele, sete dos seus possíveis ministros também aparecem na operação da
Polícia Federal.
Não dá para saber o que vem pela frente, mas o passado de Temer já
está registrado - e como ele mesmo diz: "Verba volant, scripta
manent" (As palavras voam, os escritos permanecem).
MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER
Michel Miguel Elias Temer Lulia formou-se em direito pela USP
(Universidade de São Paulo) em 1963, logo exercendo o cargo de
procurador do Estado de São Paulo
em 1970. Em 1983, o então governador Franco Montoro (1983-1987)
designou-o para ocupar a Procuradoria Geral do Estado. No ano seguinte,
Michel Temer tornou-se secretário de Segurança Pública do Estado de São
Paulo, mas exonerou-se para concorrer nas eleições para deputado federal
constituinte pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).
Foi eleito suplente, assumindo depois o mandato do titular. Na Assembleia Nacional Constituinte, votou a favor da legalização do aborto e da extensão do mandato de cinco anos para o presidente José Sarney,
dentre outros; votou contra a pena de morte e a limitação do direito de
propriedade privada. Voltou à Segurança Pública do Estado em 1992, após
o "Massacre do Carandiru", reabrindo o diálogo sobre a defesa dos direitos humanos.
Em 1995, como deputado federal, tornou-se, também, líder do PMDB na
Câmara. Em 1996, foi indicado a relator da reforma da Previdência pelo
governo. Porém, foi acusado de estar eticamente impedido devido a
irregularidades em seu pedido de aposentadoria como procurador do
Estado. No mesmo ano foi aprovada em primeiro turno sua proposta de
reforma da Previdência. A vitória, porém, foi acompanhada de denúncias
de coação e uma série de promessas de benefícios aos deputados.
Em 1997, Temer foi eleito presidente da Câmara dos Deputados.
Durante o período, triplicou a verba de despesa dos gabinetes e
permitiu que os deputados aumentassem os salários de seus assessores. Já
em outubro de 1998, reelegeu-se deputado, sendo o candidato mais votado
do PMDB. Foi novamente reeleito presidente da Câmara em 1999, sendo
candidato único.
Em 2004, reeleito presidente nacional do PMDB,
disputou as eleições municipais de São Paulo, como candidato a
vice-prefeito de Luísa Erundina (PSB). No segundo turno, incentivou os
presidentes de diretórios do PMDB a apoiarem o candidato José Serra, do PSDB, que disputava com a candidata Marta Suplicy, do PT.
Defendeu a candidatura própria do PMDB às eleições presidenciais de
outubro de 2006, sendo, porém, contrariado pela convenção do partido.
Decidiu, naquelas eleições, apoiar Geraldo Alckmin, do PSDB, mas com a reeleição de Lula,
aderiu ao seu governo, de modo que foi um dos principais negociadores
da participação de seu partido no governo reeleito do PT.
No ano de 2010, Temer foi confirmado, por unanimidade, como candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, do PT, defendendo a unificação do partido, que, segundo ele, não vai apenas fazer parte do governo, mas vai, também, governar.
Fonte: Folha de S. Paulo; UOL; CPDOC-FGV
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